sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

na natureza selvagem (into the wild)

Quem nunca quis largar tudo e fugir?


Lançado em 2007. Mais um "cult movie". É a biografia de Chris Johnson McCandless, interpretado por Emile Hirsch, um aventureiro apaixonado pela natureza que, sofrendo com as brigas incansáveis dos pais e revoltado com o mundo materialista, resolve viajar sem rumo e sem um propósito definido pela natureza dos Estados Unidos, dedicando-se a buscar liberdade, "revolução espiritual" e o verdadeiro significado da felicidade.

De um jeito egoísta e com muita falta de consideração ele sai sem avisar ninguém, acompanhado apenas por seus livros. Simplesmente vai embora, com seu exagero característico. Desaparece. Pegando carona e durante suas viagens ele encontra várias pessoas com quem troca experiências, descobrindo uma identificação muito grande com algumas delas, formando várias amizades temporárias. Essas amizades tem que acabar para que Chris possa seguir em frente com a sua viagem, por isso, grande parte do filme ele está sozinho. Nessa jornada, ele renasce, trocando até mesmo seu nome, e só leva consigo o que é realmente necessário. Com uma crítica muito clara ao sistema capitalista.

O que eu gosto muito desse filme é que o protagonista não é o “mocinho” que só é vítima e não faz nada errado... Não que ele seja um vilão, mas em algumas situações ele age muito imaturo e irresponsável, como queimar seu dinheiro, o qual ele chega a sentir falta e ignorar os conselhos que recebe. Além de seu egoísmo e sua rebeldia exagerada sem causa que me deram muita raiva e a extrema crueldade e frieza com seus pais, que mesmo cometendo erros, AINDA são pais.

É engraçado vê-lo sozinho com todo aquele espaço á sua disposição, ver como ele se sente livre, mas não existe liberdade máxima... Tudo é limitado. Muito entusiasmado, ele esquece que a natureza É selvagem de um jeito que ele não tem como vencer. Ele é traído por aquilo que mais amou.

Quando ele se lembra de todas as pessoas que ele deixou passar na sua vida ele se toca que ninguém é feliz sozinho. “A felicidade só é real quando compartilhada.” Mas ele percebe isso tarde demais e demonstra total arrependimento.

“Quando você ama, a luz de Deus brilha para você.” Ele termina o filme finalmente amando de verdade, e se pergunta se seus pais estariam o amando. É um dos finais mais comoventes para mim.

O filme ser baseado em fatos reais o torna ainda mais interessante, pois as situações incríveis que são retratadas realmente aconteceram. É cheio de acontecimentos divertidos seguidos de trágicos. É um daqueles que te fazem rir para depois te fazerem chorar, tipo uma compensação.

A atuação de Emile Hirsch me impressionou muito. Parece que ele é o próprio Chris McCandless. Ele consegue sentir as emoções da personagem de um jeito muito real, como se tudo tivesse acontecido com ele. Outra atuação que chama muita atenção é a de Hal Holbrook, que interpreta Ron Franz, cuja despedida de Chris foi uma das cenas que mais me emocionou.

A fotografia é maravilhosa, retratando as mais belas paisagens do país de uma forma quase hipnotizante.

Sean Penn dirigiu de tal maneira que nos faz sentirmos viajando junto a personagem, eu quase consigo sentir o cheiro do mar. Ele conseguiu transformar as paisagens naturais mais simples em coisas maravilhosas. Traz uma serenidade incrível, é realmente gostoso de assistir. Tudo nesse filme é colocado como poesia, realmente muito comovente. Me deu muita vontade de entrar mais em contato com a natureza.

A trilha sonora, que cai como uma luva em cada cena, foi feita especialmente para este filme, por Eddie Vedder (vocal do Pearl Jam).

A narrativa é divida. Chris começa narrando

poeticamente e encaixando versos de seus escritores preferidos até um ponto em que sua irmã começa a narrar de forma dolorida e resgatando algumas informações do seu passado (que se resume nos seus problemas familiares), até então desconhecido. Enquanto vemos Chris completamente tranqüilo, também vemos sua família aflita e sofrendo, o que nos faz ficarmos divididos entre dois sentimentos.

Tem todo um contexto filosófico de descobrir a si mesmo, largar as mentiras do mundo materialista e as invenções desnecessárias para voltar a viver como há muito tempo atrás. Uma "involução". Coisa que muitos já quiseram fazer, mas falta coragem. Te faz refletir e levantar questões existenciais profundas. Mostra toda a beleza da natureza, mas não ignora seus perigos.

A sua duração, para as pessoas mais impacientes, pode ser uma questão ruim, e pode ficar um pouco monótono, mas eu me senti entretida a cada momento, ainda mais sendo uma biografia, o que costuma ser bastante entediante.

Por Macbeth

- quem somos -

  • Sem muita complexidade.
    Sem wannabes José Wilker.
    Só adolescentes.
    E filmes.

roteiro

reprise

estréias

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    • Onde vivem os monstros (15/01)
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    • Uma mãe em apuros (15/01)
    • A mente que mente (15/01)
    • Os inquilinos (15/01)
    • A bruxinha e o dragão (15/01)
    • A todo volume (15/01)